Caratinga recebe lançamento do livro “Lava Jato" do Jornalista Vladimir Netto

Em um livro-reportagem, o jornalista Vladimir Netto relata os detalhes da operação que trouxe à tona o maior escândalo de corrupção do Brasil. A obra está nas listas das mais vendidas de Não Ficção da Folha de S. Paulo e da Veja. Depois de ser lançado em Brasília, São Paulo, Curitiba e Vitória, a cidade escolhida foi Caratinga, terra natal do repórter. O evento acontecerá no dia 16 de julho, no Casarão das Artes e tem o apoio da Rede de Ensino Doctum.

Diante do desafio de narrar uma história que ainda estava em construção, o jornalista Vladimir Netto manteve sempre um objetivo em mente: fazer um relato fiel dos fatos, sem juízo de valor, e registrar, em detalhes, o cenário de um movimento que pela primeira vez tornava real o caminho para combater a corrupção no Brasil. Em meio a um mundo de revelações, procurou discernir não só o que seria mais que mera informação, mas mostrar também a alma de personagens, tantas vezes, donos de um cinismo impensável.

“Comecei a trabalhar neste projeto no dia 1º de janeiro de 2015, depois de voltar da cobertura da posse da presidente reeleita Dilma Rousseff. Em casa, à noite, a primeira coisa que fiz foi ligar para algumas fontes. Sem elas, não seria possível ter chegado até aqui. Expliquei que teriam que me contar tudo o que acontecera desde o início da Operação Lava Jato, e também o que viesse pela frente. As fontes generosamente aceitaram. E isso fez toda diferença”, disse o jornalista.

O resultado é um livro repleto de bastidores e diálogos quase que inacreditáveis: Lava Jato – O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil, lançamento da Editora Sextante, surge como uma grande reportagem, com ares de trama policial, de um registro histórico do conturbado período que o país atravessa.

Para traçar o perfil do juiz Sérgio Moro, fio condutor desta operação, o autor se debruçou sobre seu trabalho: o vasto conhecimento técnico, as perguntas meticulosas, as sentenças fundamentadas e a coragem de enfrentar a pressão de advogados de renome. “Ao longo de 17 meses, de janeiro de 2015 a maio de 2016, me dediquei a reunir informações de bastidores, a pinçar os melhores diálogos, a perfilar os principais personagens para contar esta história. Perdi as contas de quantas entrevistas eu fiz, quantas mensagens mandei e recebi por vários aplicativos, quantas conversas tive e quantos cafés, almoços e jantares compareci para tratar da Lava Jato”, revela. “Eu sou a favor da democracia. E esse livro é uma forma de contribuir com isso. Meu nome é Vladimir por causa do Lênin, líder da Revolução Russa. Quando eu nasci, meus pais eram presos políticos, minha mãe foi torturada na cadeia, e ainda ficou mais nove meses encarcerada”, conta.

Com prefácio, de Fernando Gabeira e os direitos comprados pelo cineasta José Padilha para virar uma série de TV, o livro mostra como a Lava Jato virou patrimônio nacional e, ao que tudo indica, terá consequências ainda por vários anos. “O livro do Vladimir, além de narrar de forma empolgante uma incrível operação policial, é também um documento histórico de valor imprescindível para o país”, comenta o cineasta José Padilha.

À medida que a operação avança, é possível descobrir quem são os personagens chaves desse processo: doleiros, dirigentes da Petrobrás, políticos e empreiteiros e, como se articularam para desviar bilhões dos cofres da estatal.

Em dois anos, a investigação que partiu de um núcleo de doleiros que atuava em um posto de gasolina da capital, por onde circulavam dinheiro vivo e assessores do Congresso Nacional, chegou ao coração da República. O que Lava Jato – O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil faz é seguir os passos de investigadores e investigados para contar as coisas que realmente aconteceram e oferecer uma visão de como a operação superou todas as dificuldades que encontrou em seu percurso. A história da Lava Jato é reveladora, expõe o tamanho do desafio que a sociedade brasileira tem em suas mãos. E mostra, sobretudo, que há um caminho viável para o combate à corrupção. O da lei.

“Nós temos duas alternativas. Podemos, como se fez muito, varrer esses problemas para debaixo do tapete, esquecer que eles existem, continuar os nossos caminhos, ou podemos enfrentar esses problemas com seriedade e da forma que eles devem ser enfrentados. A partir do momento em que não há um enfrentamento do problema, nós vamos encontra-lo muito maior”, disse o juiz federal Sérgio Moro.

Sobre o autor

Vladimir Netto é repórter da TV Globo e vice-presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Formado em jornalismo pela UFRJ, já passou pelas redações do Jornal do Brasil, Veja e O Globo. Nos últimos anos, recebeu diversos prêmios, como o Embrapa de Reportagem, em 2008; o Rede Globo de Jornalismos em 2009; o Rede Globo de Grande Furo de Reportagem, em 2012; o Jornalista &Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade, em 2013; o de Furo de Reportagem, no Jornal Nacional, em 2013; e o de Melhor Reportagem no Bom Dia Brasil, em 2014. Em 2015, ganhou o prêmio de Melhor Reportagem do Jornal Hoje por ter revelado documentos de contas no exterior atribuídas a Eduardo Cunha e, em equipe, o de Grande Cobertura pelo noticiário sobre a Operação Lava Jato. Filho dos jornalistas Marcelo Netto e Miriam Leitão, Vladimir nasceu em Caratinga, Minas Gerais, e hoje mora em Brasília com a esposa Giselly Siqueira, e as duas filhas Manuela e Isabel.

Evento: Lançamento do livro “Lava Jato – O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil”
Data: 16/07/2016
Horário: 19h
Local: Casarão das Artes – Rua João Pinheiro, 154, Centro – Caratinga- MG.